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UMA GAROTINHA QUE
Ela tem apenas 5 anos e já é Bicampeã Brasileira de Xadrez Escolar. Seu primeiro título nacional foi quando tinha meros 4 aninhos, um bebezinho se embrenhando nas encantadoras complicações de um jogo que nem os adultos direito entendem. Hoje, coleciona troféus e medalhas, os quais se tornaram rotina nos torneios que participa. Tudo começou bem antes do seu nascimento. Seu avô paterno, um eterno apaixonado pelos mistérios das 64 casas, por sinal o enxadrista mais idoso em atividade no Brasil, transmitiu para seu pai a paixão e o gosto pelo Xadrez. Seu pai, por sua vez, vislumbrando o nascimento de sua filha, não poderia deixar de retransmitir a ela tudo aquilo de valioso que o Xadrez pode proporcionar para a vida de uma pessoa. Não é apenas um jogo, mas uma filosofia e um modo de viver, é fazer parte de uma irmandade e aplicar seus princípios no cotidiano, colhendo os frutos de um modo de pensar que somente os enxadristas possuem. Quanto mais profundamente conhecemos o Xadrez, mais entorpecidos ficamos envolvidos pela mais pura fascinação. Ah, se todas as pessoas desse mundo jogassem Xadrez... A bebê nasceu e lá estava presente seu pai. Se houvesse um manto quadriculado para cobrir a recém-nascida, ele assim faria. Havia toda uma estratégia para fazer da criança uma apaixonada enxadrista. Nunca foi a intenção principal fazê-la colecionar títulos e ocupar lugares no pódio, era sabido que isso tudo seria uma mera consequência do seu desenvolvimento. O objetivo sempre foi proporcionar a ela uma valiosa ferramenta para a vida e quanto antes isso começasse a ser implementado, muito melhores seriam os resultados. E assim foi sendo feito. Logo que a bebê chegou para sua casa, todos os dias, religiosamente, seu pai fixava por alguns minutos um pequeno tabuleiro de Xadrez bem em frente aos seus olhos. A bebê olhava para aquela imagem embaçada, sem ainda entender o que era aquela coisa cheia de quadrados pretos e brancos. Passaram-se alguns meses dessa forma e o tabuleiro tornou-se algo familiar. O tempo foi passando... Em cada canto da casa que a bebê ficasse, havia um tabuleiro de Xadrez para o seu deleite. Eram muitos. Por volta dos seis meses de idade, os brinquedos que a bebê mais gostava eram as peças de Xadrez. Também eram muitas, espalhadas até pela cozinha. Tamanha era a paixão que se desenvolvia, levava um Cavalo para passear e dormia segurando uma Dama, sua fada protetora. Ainda uma bebê, começou a frequentar o ambiente dos torneios com seu pai. Aquele espaço cheio de mesas e tabuleiros, com pessoas conversando sobre seus lances das partidas recém terminadas foi se tornando algo comum e fazendo parte de sua rotina. Ficava super à vontade e sempre pedindo para jogar, embora ainda sem domínio das estratégias necessárias. Logo passaram a fazer parte de seu cotidiano os professores de Xadrez, em aulas presenciais e online. Além das aulas, as atividades enxadrísticas diárias que seu pai lhe proporcionava foram contribuindo para moldar o seu raciocínio e aumentar o seu deslumbramento por esse universo quadriculado que desbravava dia após dia. E assim é até hoje, sempre envolvida com seus fiéis companheiros, sejam eles as Torres, Bispos, Cavalos ou Peões. Papai e mamãe, o Rei e a Dama de sua vida, não medem esforços para lhe proporcionar o que ela mais gosta de fazer: jogar Xadrez! O futuro? Uma incógnita. Diferentemente do que acontece no jogo, não podemos prever e nem nos cabe fazer conjecturas. O embalo foi dado, o impulso foi forte e preciso. Ela seguir pelo caminho onde ora está lhe proporcionará uma vida diferenciada, o privilégio de habitar dois mundos diferentes, ora num, ora noutro, colhendo os bons frutos de ambos. Se o mundo do Xadrez tem as portas abertas para todos, permanecer nele é para poucos e exige grande esforço, compensado por duas palavras mágicas: xeque-mate!
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